O ano está terminando e com ele muitos sentimentos afloram (ou mesmo se acumulam) no âmbito do trabalho, inclusive a tristeza e o estresse. Se você se inclui, não está só: um levantamento recente da consultoria Gallup, intitulado “State Of The Global Workplace”, revelou que os trabalhadores brasileiros estão em quarto lugar na América Latina em sentimentos de raiva e tristeza, e em sétimo lugar quando se trata de estresse. Eles estão sendo considerados os mais tristes na América Latina.
Na opinião de Nilton Ota, professor do departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de São Paulo (USP), é preciso levar em consideração que esses sentimentos vão além do ambiente de trabalho e questões íntimas também reverberam nessa jornada. Na outra ponta, a regulação trabalhista também impacta diretamente na experiência e na saúde dos trabalhadores, o que envolve desde a rotatividade e a proteção de direitos até a precarização.
Trabalhadores mais tristes da América Latina
“Políticas públicas são essenciais para garantir a proteção contínua. Sem elas, retrocederíamos a um modelo de mais de um século, em que essa responsabilidade era delegada moralmente ao empregador, sem amparo jurídico”, explica o professor, em entrevista ao Diário do Comércio.
Outra pesquisa, esta do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), revelou que o número anual de afastamentos por Síndrome de Burnout aumentaram em quase 1.000% em uma década, ou 40% das pessoas economicamente ativas sofram desse problema.
Para Maria Maeno, médica, ativista em saúde no trabalho e pesquisadora da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), ao site da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o trabalho tornou-se o principal foco das pessoas, já que determina a maioria das condições de vida, ou seja, da saúde ao lazer, das férias a retomada das atividades, tudo engloba o âmbito laboral.
“É possível afirmar que vários aspectos da vida aos quais a classe trabalhadora vem sendo submetida afetam fortemente a saúde e, em especial, a mental. Milhões enfrentam situações perigosas, insalubres e penosas, o que os torna vulneráveis à ocorrência de acidentes e doenças entre as quais essa esfera”, alerta a especialista.
Fonte: Revista Cipa